domingo, 14 de setembro de 2008

Abaixo as catracas

O advogado Bruno Meirinho, 26 anos, é o mais novo candidato a prefeito de Curitiba nesta eleição. Curitibano nato, Meirinho tem paixão pelo Sabará, uma área de ocupação urbana localizada na Cidade Industrial de Curitiba (CIC). ‘‘Trabalhei lá durante dois anos. É um lugar de uma população lutadora que batalha contra as catracas da cidade’’, diz. Bruno era parte de uma equipe de regularização fundiária nas vilas da região coordenada pela organização social Terra de Direitos e a empresa de consultoria Ambiens. ‘‘O trabalho teve bons resultados na organização da população local’’, avalia.

O trabalho no Sabará terminou, mas Meirinho continua a freqüentar a região. ‘‘O processo jurídico da regularização continua tramitando e eu acompanho junto com o Vinicius, advogado da equipe da Terra de Direitos’’, conta. Apesar de candidato, Bruno não deixou o trabalho. ‘‘Sou sócio da Ambiens Sociedade Cooperativa, onde continuo trabalhando mesmo em campanha’’, diz. ‘‘No setor privado, trabalhadores autônomos e consultores, não têm como parar de trabalhar para fazer campanha afinal precisamos do dinheiro’’, explica.

Meirinho é solteiro e mora com a mãe, Laurene Deschamps Moreira, e o padastro, Juracy Moreira, no Boqueirão. ‘‘Nasci no Água Verde, onde morei por alguns anos’’, lembra. Desde então, Bruno já morou no Uberaba, Cajuru, Jardim das Américas e no Centro. Nos dias de folga, o candidato gosta de passar tempo em casa com a família. ‘‘Aproveitamos os fins de semana para ficar em casa e conversar‘‘, conta. ‘‘Durante a semana nos falta tempo uma vez que todos ficamos fora de casa trabalhando, estudando e perdendo tempo nos ônibus lotados e demorados’’, completa.

Segundo Meirinho, é no jardim de casa que ele consegue relaxar. ‘‘É no jardim da minha casa que encontro momentos de paz’’. Além da família, Bruno aproveita o tempo livre para freqüentar a AOCA, a Sociedade 13 de Maio e o Clube Harmonia. ‘‘Também freqüento o Cimples Ócio quando está funcionando’’, entrega. O lugar recebe apresentações de sambistas tradicionais de todo o Brasil organizados por Anildo Guedes.

Bruno começou a estudar no Colégio São José, que fica próximo à praça Rui Barbosa. Ainda no Ensino Fundamental foi transferido para o Medianeira, para o Sion do Batel e, por fim, concluiu a 8ªsérie no Madalena Sofia. No segundo grau Meirinho foi para o antigo Cefet (atual Universidade Tecnologica Federal do Paraná - UTFPR) onde se formou Técnico em Eletrônica.

Cursou dois anos de Direito na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) e de Engenharia Industrial Madeireira na Universidade Federal do Paraná (UFPR). Acabou se formando em Direito na UFPR em 2007. Na universidade participou do movimento estudantil, foi diretor do Diretório Central dos Estudantes (DCE) e vice-presidente do Centro Acadêmico Hugo Simas. ‘‘Lutei contra as políticas de privatização da educação promovidas pelo então reitor Moreira’’, informa.

Antes de começar a lutar por ‘‘uma Curitiba sem catracas’’ no PSOL, Meirinho foi filiado ao PT. Mas a decepção com as diretrizes do governo Lula o levaram a se juntar ao grupo da ex-senadora Heloísa Helena na criação do PSOL em 2005. ‘‘A gente espera superar a corrupção e lutar pelas bandeiras socialistas’’, finaliza.

Rosiane Correia de Freitas
Equipe da Folha

ELEIÇÕES - A política conquistou o engenheiro

O lugar preferido do casal Fernanda e Carlos Alberto Richa na cidade de Curitiba é o Parque Barigüi. Morador do Mossunguê, região próxima ao Shopping Barigüi, o atual prefeito freqüenta o local para correr e passar tempo com os filhos. ‘‘É um espaço onde estou em paz. Um ambiente agradável. É lá que eu faço minhas corridas. Tem muita gente lá. É um espaço bem gostoso’’, diz. ‘‘Tenho visto que nos últimos anos tem tido um aumento no número de pessoas que freqüentam o parque’’, observa.

O lugar será alvo, inclusive, de um dos projetos de campanha do candidato: a limpeza do lago. ‘‘Fizemos várias obras de melhoria e conservação do parque: a grama sempre cortada, o paisagismo. Está um lugar bem agradável’’, avalia.

Beto Richa e Fernanda se conheceram em Guaratuba, durante as férias de verão. Seis meses depois se casaram na Igreja Bom Jesus, no Cabral, em 1985. O casal tem três filhos: Marcello, 22 anos, André, 18 anos e Rodrigo, 13 anos, que nasceram na Maternidade Nossa Senhora de Fátima, na Rua Visconde de Guarapuava. Fernanda é advogada formada pela Universidade Tuiuti do Paraná (UTP) em 2002. É segunda filha de Tomaz Edison e Didi Bernardi Vieira.

A família Richa também costuma ir ao cinema do shopping e restaurantes, em especial, o Madalosso. ‘‘Quando a agenda permite’’, diz Richa, que ainda vai com freqüência almoçar no Clube Curitibano.

O atual prefeito também é sócio do Graciosa e do Santa Mônica, lugares nos quais costuma ir com os filhos. A rotina de Richa está ligada a região do Mossunguê. Aos domingos o prefeito vai à missa nas igrejas do Trabalhador ou São João Precursor. E durante a semana Richa se exercita na Companhia Athletica, que fica no Park Shopping Barigüi. Ele também já foi morador do Batel.

A política fez Richa deixar para trás uma de suas paixões, o automobilismo. Além de correr no Barigüi, o prefeito gosta de acelerar nas pistas. Ele foi campeão de kart em 1984 e já venceu as 500 milhas de Londrina, prova que deve voltar a disputar este ano.

Nascido em Londrina, em 1965, Richa viveu a infância entre a cidade natal e Brasília, cidade em que morou durante os mandatos de deputado federal e senador do pai, o ex-governador do Paraná, José Richa. Ele é o segundo dos três filhos de Arlete e José Richa. Só aos 17 anos Beto se mudou definitivamente para Curitiba, quando o pai foi eleito governador. Terminou o Ensino Médio no Colégio Bom Jesus e foi aprovado no vestibular da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), onde se formou engenheiro civil. No entanto, Richa não seguiu a carreira de engenheiro. Como o pai, entrou para a política. Aos 29 anos se elegeu deputado estadual. Cumpriu dois mandatos na Assembléia Legislativa.

Foi eleito vice-prefeito na chapa de Cassio Taniguchi em 2000 e assumiu, no primeiro ano de mandato, a Secretaria de Obras Públicas. Candidatou-se ao governo do Estado em 2002, contra o atual governador Roberto Requião (PMDB) . Não se elegeu e voltou à vice-prefeitura. Em 2004 se elegeu prefeito de Curitiba.

Depois de quatro anos, Richa diz estar satisfeito com o que fez. ‘‘A gente não vai ter a cidade 100% acabada. Mas conseguimos cumprir 90% do plano’’, avalia. ‘‘Posso dizer que eu me sinto realizado, me sinto tranqüilo com o que foi feito e principalmente com os compromissos que foram honrados. Não ficaram assim grandes coisas para trás’’, completa.

Rosiane Correia de Freitas
Equipe da Folha

ELEIÇÕES - A ousadia do reitor

Quando está sob muito estresse, o médico oftalmologista Carlos Augusto Moreira Júnior costuma ir até a Praça Santos Andrade, no Centro de Curitiba, para pensar. ‘‘Quando a coisa está muito preta vou para a frente do prédio da universidade, sento num daqueles bancos perto do chafariz e medito’’, conta. ‘‘Lembro por quantas dificuldades aquelas pessoas lá no começo passaram para fazer aquela instituição. Aquilo ali é um exemplo de ousadia do curitibano’’, diz.

Para Moreira, que foi reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) durante seis anos, o prédio símbolo da instituição e da cidade traz inspiração. ‘‘Tem uma frase que aprendi: perguntaram para o Churchill (Winston Churchill, primeiro ministro inglês durante a Segunda Grande Guerra) após a guerra o que a Inglaterra tinha que os outros países não tinham. Ele disse: ‘Na Inglaterra os homens de bem são mais ousados que os canalhas’. E a universidade tem exatamente isso. Foi uma ousadia de homens de bem’’, analisa. A última vez que Moreira esteve na praça para meditar foi durante o processo de votação da adesão da UFPR ao Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni).

Na época um grupo de estudantes insatisfeitos com a proposta havia ocupado o prédio da reitoria da universidade. ‘‘O meu gabinete estava tomado e eu recebi a imprensa na sala da pró-reitora de Assuntos Estudantis. Lembro que daí convidei a professora Rita (de Cássia Lopes, pró-reitora da UFPR) para irmos até a praça. Chegando lá disse para ela: vocês estão assustados com isso daí? Lembre do que as pessoas que fizeram essa instituição passaram. Fizeram essa instituição sem dinheiro, sem apoio’’, recorda.

Moreira foi aluno do curso de Medicina da UFPR e se formou médico aos 22 anos. A vida estudantil do candidato começou no extinto colégio Recanto Infantil, cuja sede ficava no bairro São Francisco. O ex-reitor cursou o antigo ‘‘ginásio’’ e o 2º grau no Colégio Estadual do Paraná e fez cursinho preparatório para o vestibular no Barddal. Em 1986 deixou a cidade para fazer mestrado em São Paulo e depois se especializar em retina e vítreo na Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos.

Antes de deixar Curitiba, Moreira se casou com a também médica oftalmologista Ana Tereza Ramos Moreira na igreja São Francisco. O casal tem três filhos, dois deles nascido na Maternidade Curitiba, no Água Verde: Camila, 23 anos e João Eduardo, 17. O terceiro filho, Carlos Augusto, 20, nasceu na Califórnia e atualmente cursa Medicina na Universidade Positivo. Já João Eduardo é aluno do Ensino Médio do Colégio Bom Jesus. Camila é formada em Direito e está em São Paulo cursando mestrado na Pontifícia Universidade Católica.

A família mora atualmente no Mercês, onde freqüenta a igreja do bairro. O ex-reitor já foi morador do Tarumã, do Centro e do Bigorrilho. Um dos programas de lazer dos Moreira é ir até os restaurantes do bairro vizinho, Santa Felicidade. Os preferidos do casal de médicos são o Chalet Suisse e o Madalosso.

Nos fins de semana a família vai para Campo Largo aproveitar o descanso numa chácara que possui na cidade. Moreira torce para o Coritiba, clube do qual é sócio há três anos. Ele não freqüenta nenhuma academia, mas mantém a forma caminhando no Barigüi. O ex-reitor diz que quer ser prefeito porque não se conforma com os problemas da cidade.

REGRAS

A FOLHA DE LONDRINA prossegue com a série de entrevistas com os candidatos ao cargo de prefeito de Curitiba. A ‘‘sabatina’’ com os políticos aconteceu no mês de agosto, na sucursal da FOLHA, em horários e datas diferentes. As regras foram informadas previamente para as

assessorias dos

candidatos.
A publicação segue ordem alfabética. O entrevistado de hoje é o médico oftalmologista Carlos Augusto Moreira Júnior, o Reitor Moreira, do PMDB. Amanhã a FOLHA traz a entrevista do candidato da coligação ‘‘Uma só Curitiba’’, Fábio de Souza Camargo (PTB).

Rosiane Correia de Freitas
Equipe da Folha

ELEIÇÕES - Camargo quer ser ‘prefeito-vereador’

Se alguém perguntar para o deputado estadual e candidato a prefeito de Curitiba, Fábio Camargo, qual o lugar preferido dele na cidade, a resposta sai de bate-pronto: os bairros de Curitiba. Algum bairro em particular? ‘‘O Sítio Cercado’’, diz Camargo, que mora no Tarumã, perto do Hospital das Nações, mas já foi morador do Batel e do Bacacheri. ‘‘O local que mais gosto de trabalhar posso dizer que é o Sítio Cercado. O local que mais gosto de ficar obviamente que é na minha casa com meus filhos’’, justifica.

Segundo Camargo, foi no Sítio Cercado que ele começou sua trajetória política. ‘‘Criei um carinho muito grande. Tenho uma casa lá onde há mais de seis anos mantenho uma estrutura para a comunidade. É o lugar em que me sinto mais bem recebido na cidade’’, relata. ‘‘Não digo só o Sítio Cercado, mas toda a região sul: Boqueirão, Alto Boqueirão, Pinheirinho, Tatuquara, Umbará. É uma região com a qual eu me identifico bem. É a região mais populosa e mais carente da cidade. Tudo que formos fazer vamos começar por lá’’, antecipa.

Para o deputado, é nas pracinhas de bocha e nas pistas de skate do bairro que ele se relaciona com a população. ‘‘Onde tem gente acabo parando para conversar’’, entrega. ‘‘Criei algumas amizades na Isaac (Ferreira da Cruz). A Isaac é a rua principal e tem um comércio muito vibrante’’, conta Camargo, que diz que vai investir na região. ‘‘A Isaac precisa de revitalização. Se houver uma melhoria nas calçadas, se houver um investimento em nível de estrutura para os comerciantes vai fortalecer o comércio. Vai dar mais dignidade.’’

Ele nasceu em Curitiba, dia 17 de abril de 1973. Estudou no Colégio Lins de Vasconcellos. ‘‘É onde hoje fica o Opet’’, informa. E cursou Direito na Universidade Tuiuti do Paraná. Depois de formado assessorou o pai, Clayton Camargo, no Tribunal de Justiça. ‘‘Hoje sou funcionário concursado do Tribunal’’, conta.

Camargo é casado com Giovana Maria de Medeiros Iatauro Camargo e pai de duas meninas e um menino: Jéssica, de 16 anos, Mikaella, 9 anos, e Raffael, de 5 anos. ‘‘Todos nasceram na maternidade São Lucas e todos estudam em colégios do grupo Positivo’’, conta. A família costuma freqüentar a Igreja do Cristo Rei, onde as crianças foram batizadas. Apesar de jovem, Camargo se diz um homem de família. ‘‘Sou muito caseiro. Eventualmente vamos a alguma pizzaria ou churrascaria’’, comenta. Nos dias de folga, os passeios são na casa de familiares. ‘‘As crianças gostam de visitar os avós’’, relata.

Na política, no entanto, ele é inquieto. Elegeu-se vereador em 2000. Dois anos depois, candidatou-se a deputado estadual, mas não saiu vitorioso. Voltou a eleger-se vereador em 2004. Em 2006, candidatou-se a deputado estadual mais uma vez. E se elegeu. No entanto, mesmo na Assembléia mantém sua atuação nos bairros da cidade. ‘‘Sou um deputado-vereador’’, declara. E agora quer ser um ‘‘prefeito-vereador dos bairros’’.

Alvo de boatos sobre suas atividades como empresários, Camargo é categórico em afirmar que não é dono de nenhuma casa noturna. ‘‘É lenda urbana. Apenas isso’’. ‘‘Se algum dia alguém tiver algo de objetivo, que apresente. Isso é uma lenda urbana, talvez criada por adversários, por invejosos, por eu ser muito jovem. Por eu, num passado muito distante, ter sido sócio do Ney Leprevoust e do João Guilherme Leprevoust numa casa aqui de Curitiba. Mas é lenda urbana’’, encerra.

Rosiane Correia de Freitas
Equipe da Folha

ELEIÇÕES 2008 - Gleisi quer ser a primeira prefeita de Curitiba

A advogada Gleisi Hoffmann tem pressa. Até o dia 5 de outubro ela tem uma distância respeitável para percorrer em busca de votos que tornem real a vontade de ser a primeira prefeita mulher de Curitiba. Gleisi é uma mulher com uma missão. Ela foi alçada a condição de prefeitável depois de conquistar quase 2,3 milhões de votos na eleição para o Senado em 2006.

Gleisi é curitibana nata. A mãe, Getúlia Agueda, deu a luz sob a supervisão do médico obstetra Moyses Paciornick. O nome – Gleisi – é uma homenagem a atriz e princesa de Mônaco, Grace Kelly. Ela passou a infância e adolescência na Vila Lindóia, região sul. No fim da adolescência de Gleisi a família mudou para a Vila Guaíra. A cabelereira Dona Gegê, como é conhecida a mãe da candidata, ainda mantém no bairro um salão de beleza. O pai, Júlio Hoffmann, é representante comercial aposentado. ‘‘O dinheiro nunca sobrou lá em casa, mas meus pais primaram por nosso educação’’, lembra.

Os estudos de Gleisi começaram no Jardim de Infância Alvorecer. No primeiro grau ela freqüentou o Colégio Nossa Senhora da Esperança. Lá alimentou o desejo de se tornar freira. ‘‘A sede do convento da Congregação era em Novo Hamburgo e meu pai não deixou eu ir sozinha para o Rio Grande do Sul’’, conta. Gleisi mudou de colégio e de objetivo de vida. ‘‘Fui estudar no Medianeira e fui estimulada pelo próprio colégio a pensar politicamente. Entendi que a visão cristã de igualdade e fraternidade poderia se materializar por meio da ação política’’, revela.

No Medianeira participou do grêmio estudantil e foi presidente da União Metropolitana dos Estudantes Secundaristas (UMESC). Foi aluna do curso de Eletrotécnica do antigo Cefet-PR (atual Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR) por um ano e meio onde entrou no Grêmio e participou de um movimento contra o uso obrigatório de jalecos. Nem a carreira de técnica nem o fim dos guarda-pós deram certo para Gleisi, que acabou indo cursar Direito nas Faculdades Curitiba, onde se formou em 1989. ‘‘A eletrotécnica não era a minha praia’’, confessa.

Para poder pagar a faculdade, Gleisi começou a trabalhar na Assembléia Legislativa como assessora parlamentar. Em 1988 foi para a Câmara Municipal para assessorar o vereador Jorge Samek. Cinco anos depois seguiu para Brasília onde trabalhou como assessora parlamentar no Congresso Nacional e no projeto Governo Paralelo que foi comandado por Lula durante o governo de Fernando Collor de Mello. A trajetória de Gleisi dentro do PT passou pela gestão de Zeca do PT, no Mato Grosso do Sul, pela prefeitura de Londrina, onde foi secretária de Gestão Pública. Por fim ela atuou na equipe de transição de Lula em 2002 e assumiu a Diretoria Executiva Financeira de Itaipu em 2003.

Foi também no PT que Gleisi conheceu o atual ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, seu marido. Bernardo era funcionário do Banco do Brasil e sindicalista. Quando casaram, ele já era deputado federal pelo Paraná. O casal tem dois filhos: João Augusto, de seis anos, e Gabriela Sofia, de dois. O ministro irá participar do governo, caso Gleisi seja eleita? ‘‘Podem ficar tranqüilos, ele não vai assumir a FAS (Fundação de Ação Social)’’, responde bem humorada.

REGRAS

Gleisi Hoffmann, da coligação ‘‘Curitiba Para Todos’’, é a entrevistada de hoje na série da FOLHA DE LONDRINA sobre os candidatos ao cargo de prefeito de Curitiba. É a quinta matéria da série de reportagem. A ‘‘sabatina’’ com os

políticos aconteceu no mês de agosto, na sucursal da FOLHA, em horários e datas diferentes. As regras foram informadas previamente para as assessorias dos candidatos.

A publicação segue ordem alfabética nas edições do FOLHA CURITIBA. A próxima entrevista será publicada amanhã e vai trazer as propostas do candidato do PT do B, Lauro Rodrigues.

Rosiane Correia de Freitas
Equipe da Folha

Como migrar popularidade do virtual para o real?

O administrador de empresas Lauro Rodrigues era desconhecido dos curitibanos até o último dia 31 de julho quando em pleno debate entre os candidatos a prefeito de Curitiba ele ‘‘travou’’. ‘‘Deu branco’’, desculpou-se. Por duas horas, Rodrigues suou frio diante dos colegas de pleito e dos telespectadores. Acabou virando hit na internet. O vídeo do desempenho do candidato no debate já teve mais de 300 mil visualizações no You Tube.

‘‘Costumo dizer o seguinte: desse limão vou fazer uma limonada’’, diz. ‘‘Nunca tinha ido num estúdio. Sempre falo com as pessoas olhando no olho. Mas falar com uma máquina e ela não te responder para mim é difícil’’, explica. ‘‘Agora que já sou conhecido vou mostrar que tenho conteúdo’’, completa. Para superar a dificuldade de falar na televisão, Rodrigues conta com a ajuda de amigos. ‘‘Tenho pessoas que estão me ajudando a aprender como falar com a câmera, como me expressar’’, conta.

Segundo o candidato, a dificuldade maior é não ter um lado ator. ‘‘Não sou ator. Sou político’’, defende. Depois do ‘‘branco’’, Rodrigues admite ter sido questionado sobre sua preparação para o debate. ‘‘Errei. Simplesmente fui para o debate achando que ia falar com as pessoas, debater idéias e de repente vejo um show business’’, entrega. Agora, o plano do candidato é ir em frente. ‘‘O feio não é cair. O feio é não querer levantar. Vou nos próximos debates sim’’, adianta.

Curitibano nato, Rodrigues é fã do Boa Vista, bairro no qual mora e da região do São Lourenço, onde trabalha. ‘‘É bem situado. Não está como a região sul. A região norte é mais conservadora, tem muita família, chácaras. Não cresceu tanto de população, é mais estável’’, elogia. Ele já morou no Juvevê, no Bacacheri e no Santa Cândida. ‘‘A região Norte representa bem a cara do curitibano, porque tem muita família, tem muito polaco, italiano, ucraniano’’, completa.

Rodrigues casou com Danielle Rodrigues em 1988, na Igreja da Terceira de São Francisco. O casal tem três filhos. ‘‘Laurielle tem 20 anos, nasceu na Casa de Saúde Paciornick e está no 2º ano de Direito na Unibrasil. A Jennyfer tem 18 anos e o Laurinho tem 16 anos. Os dois nasceram na Santa Brígida e estudam no Colégio Estadual Ângelo Gusso’’, conta.

A família costuma passar os fins de semana na casa de parentes e numa chácara da família. ‘‘No verão, vamos para a praia’’, relata. Rodrigues costuma ir com freqüência nos restaurantes Albatroz, Mannus e na Churrascaria do Erwin. E não é adepto de se exercitar em academias. ‘‘Ando muito a pé, gosto de falar com as pessoas, visitar os comércios, andar na ciclovia, nos parques. A região norte tem o Parque Tingui, o Bacacheri. É muito bonito. É uma Curitiba que não evoluiu tanto, não se expandiu. Quem mora lá sabe do que eu estou falando’’, comenta.

Rodrigues estudou nos colégios Nossa Senhora Menina, Madre Anatólia, Eny Caldeira, Maria Montessori e no Dom Bosco. E se formou administrador pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). Atualmente trabalha nas empresas da família. ‘‘Acho que sou bom administrador. Minhas empresas estão muito bem. Não tem nenhuma falida’’, analisa.

O candidato se diz preparado para assumir o desafio de governar Curitiba. ’’Sou uma cara que sabe resolver os problemas com simplicidade’’, avalia.

REGRAS

O entrevistado de hoje na série da FOLHA DE LONDRINA sobre os candidatos ao cargo de prefeito de Curitiba é Lauro Rodrigues, do PT do B. A ‘‘sabatina’’ com os políticos aconteceu no mês de agosto, na sucursal da FOLHA, em horários e datas diferentes. As regras foram informadas previamente para as assessorias dos candidatos.

A publicação segue ordem alfabética nas edições do FOLHA CURITIBA. A próxima entrevista será publicada amanhã e vai trazer as propostas do candidato Maurício Furtado, do PV.

Rosiane Correia de Freitas
Equipe da Folha

ELEIÇÕES - Uma vitória familiar

É no Jardim Botânico de Curitiba que o catarinense Maurício Furtado gosta de aproveitar a vida na capital paranaense. ‘‘Lá tem espaço para as crianças correrem, bancos para os mais idosos sentarem, lugar para colocar os pés na água’’, descreve. Quando consegue encaixar esse programa na agenda, Furtado vai ao Botânico com os pais, os filhos menores e a esposa. ‘‘É muito bonito de ver essa possibilidade de convivência entre as pessoas que moram na cidade’’, elogia.

Apesar de gostar do parque, o candidato não o visita com freqüência. ‘‘Em geral levo a família para nossa chácara em Campo Largo’’, conta. É lá que ele pode aproveitar uma de suas paixões: os cavalos. Cavaleiro experiente, Furtado já participou de cavalgadas na rota dos tropeiros no interior do Paraná. Na chácara o candidato mantém, em sociedade com um amigo, oito cavalos.

Casado pela segunda vez com a estudante universitária Débora, o candidato costuma passear com os dois filhos mais novos, Ana Carolina e João Pedro. Os dois nasceram em Curitiba e estudam no Colégio Bagozzi. Além da chácara, a família costuma ir nadar nas piscinas do Círculo Militar. Furtado também é pai de Maria Júlia, João Maurício e Guilherme Francisco, os dois primeiros, frutos do primeiro casamento.

Apesar de não estar na frente nas pesquisas, Furtado já contabiliza uma vitória nessa eleição. Seu filho, João Maurício, que mora em Joinville (SC), veio para Curitiba acompanhar o pai na campanha. Maurício, que é empresário em Balneário Camboriú, mudou com a esposa e o filho, Sebastian, de um ano e seis meses, para Curitiba e acompanha o pai nas agendas de campanha.

Maurício Furtado nasceu em Joinville e se mudou para Curitiba com apenas três meses de idade. Começou os estudos no Grupo Escolar Júlia Wanderley e terminou no antigo Internato Paranaense, atual Marista. Cursou Ciências Contábeis na Fesp. Quando passou no concurso público para auditor do Banco Central em 1976, Furtado teve que deixar Curitiba para trabalhar em diversas cidades do País. A profissão o levou para o Rio de Janeiro, Florianópolis, São Paulo, Brasília e São Luis do Maranhão. Voltou para Curitiba no início da década de 1990. Hoje trabalha na sede do Banco Central no Centro Cívico.

Para ir trabalhar, Furtado vai de bicicleta do Novo Mundo, onde mora, até o banco. ‘‘Chego no trabalho relaxado e revigorado’’, conta. Para o candidato, andar de bicicleta é a melhor maneira de conciliar a vontade de reduzir a poluição e garantir uma rotina livre de congestionamentos. ‘‘É muito raro o dia em que não consigo ir para o trabalho pedalando’’, diz. Mesmo no frio, conta, ele recorre a bicicleta. ‘‘Nem adianta se agasalhar muito porque é só começar a pedalar que já esquenta’’, observa.

Em 2005, Furtado participou da equipe técnica que apoiou os trabalhos da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios que apurou um caso de pagamento de propina nos Correios e que terminou investigando o caso ‘mensalão’. Na época Furtado foi apontado como um dos responsáveis pela elaboração de um suposto relatório paralelo para o deputado Maurício Rands (PT-PE). ‘‘Isso foi um absurdo. Minha família toda ficou surpresa quando a (Revista) Veja publicou isso. Mas claro que a acusação não procede’’, esclarece.

Rosiane Correia de Freitas
Equipe da Folha

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Nepotismo e o óbvio ululante

Acabou o nepotismo. Pelo menos é que se espera depois da decisão do STF de ontem. No entanto, todos os advogados com que falei sobre o assunto disseram: "mas e daí? O nepotismo já era ilegal mesmo sem a súmula da Corte". Oras, se a constituição diz que a administração pública tem que zelar pela impessoalidade, a moralidade, quem aí tinha dúvidas sobre a ilegalidade de se contratar parentes na administração pública?

Bem, muitos políticos soltos por aí não vêem o nepotismo assim. Dizem que "depende do caso". Que se o "parente é muito competente a contratação é justificada". Humm. É de se pensar: se o parente é tão competente assim porque não deixá-lo solto na iniciativa privada onde vai, certamente, ganhar muito mais e não terá sua colocação colocada em dúvida por conta do grau de parentesco com alguém?

Outro político que entrevistei disse que os cargos em comissão são para funcionários de confiança. "Quem é mais de confiança do que uma pessoa da família?", questionou. Obviamente o dileto político jamais assistiu Família Soprano...

Vamos esperar para ver...

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Maio de 1968 em Curitiba

Curitiba - O ano de 1968 foi marcado por manifestações históricas em todo o mundo. Milhares de pessoas tomaram as ruas do Norte ao Sul do globo. Os jovens paranaenses daquela época, não ficaram de fora. Foi naquele ano que eles impediram que o ensino pago se instalasse na mais antiga instituição de ensino superior do país, a Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Os jovens se uniram para protestar contra os acordos entre o Ministério da Educação (MEC) e a United States Agency for Internacional Development (USAID), que tinham como objetivo declarado o aperfeiçoamento do modelo educacional brasileiro. Para os universitários de todo o país, no entanto, os acordos eram um caso de ingerência internacional nos assuntos educacionais brasileiros, o que, para eles, era inaceitável.

Os acordos foram o estopim para manifestações públicas contra a ditadura militar que havia se instalado no Brasil em 1964. Em Curitiba, o foco de luta dos estudantes era a realização do vestibular para o curso noturno de Engenharia, primeiro curso pago da UFPR e a instituição do pagamento de anuidades. A inovação era herança do MEC-USAID e enfurecia o movimento que defendia a universidade pública e gratuita.

A briga entre movimento estudantil e a universidade começaria a esquentar no Dia das Mães. ''Lembro bem da data porque quem não foi preso saiu da invasão para ir almoçar com a mãe'', lembra Luiz Manfredini, na época uma liderança do Movimento Estudantil Livre (MEL). Para impedir a realização do vestibular, os estudantes invadiram o Centro Politécnico, ocuparam as salas e tornaram inviável a aplicação das provas. O teste foi adiado. Muitos vestibulandos, animados pelas lideranças estudantis, aderiram ao movimento.

Dias depois, novamente os estudantes enfrentaram a polícia (leia nesta página). Quinhentos jovens se envolveram numa batalha campal com mais de mil policiais nas ruas próximas ao Campus Politécnico. Em menor número, muitos ficaram feridos ou foram presos. Decidiram, então, invadir o prédio da Reitoria, na rua XV de novembro. ''Viemos de todas as partes e tomamos o prédio de repente'', lembra Clair Flora Martins, aluna do curso de Direito da Federal. O movimento foi planejado em uma reunião secreta no Centro Acadêmico de Medicina. ''Quem participou da reunião, não pôde deixar a sala, para que a informação não vazasse e a polícia frustrasse nossos planos'', conta Manfredini.

Estudantes universitários e secundaristas estavam convocados a se reunir na Praça Santos Andrade a partir das 7 horas. Oficialmente, os manifestantes seguiriam em passeata até o Politécnico. ''Mas depois do confronto violento com a polícia nos últimos dias, as lideranças do movimento decidiram que aquele dia teria que ser diferente'', relata Manfredini. O plano, delineado em segredo, era levar os estudantes para a reitoria e tomar conta do prédio.

''Durante a noite, o governador Paulo Pimentel enviou um emissário até os estudantes. Queria oferecer um avião para que pudessemos ir à Brasília, negociar diretamente com o ministro da Educação'', revela Manfredini. ''Tinha pavor que houvesse um confronto no Paraná, que algum estudante fosse morto'', explica o ex-governador Paulo Pimentel.

O grupo não estava disposto a conversa. Queria agir. No início da manhã, três mil jovens compareceram à manifestação. ''Seguimos em dois blocos, uma pela XV de Novembro e outro pela Amintas de Barros e fechamos as ruas em torno do prédio'', relata. Tomaram o prédio de assalto. Eram 8h. Barras de ferro foram usadas para arrancar as pedras de paralelepípedo das ruas e construir barricadas. Nas mãos e nos bolsos, muitos estavam armados com estilingues, pedras e bolas de gude, que seriam usadas para derrubar os cavalos.

A cavalaria da PM também enfrentaria uma artilharia de rojões, destinada a assustar os animais e derrubar seus cavaleiros. Carros que circulavam pela região foram tomados pelos estudantes. ''Colocamos panos nos tanques de gasolina. A idéia era explodi-los caso houvesse um confronto com a polícia'', diz. As idéias incendiárias dos manifestantes não pararam por aí. Líder dos secundaristas, Manfredini coordenou a produção de coquetéis molotov. As bombas seriam jogadas nos carros-pipa dos bombeiros, que eram utilizados na repressão a manifestações.

Dentro do prédio, milhares de estudantes aguardavam com calma o desfecho daquele dia histórico. O clima, diz Manfredini, era de companheirismo e festa. ''Alguns jogavam cartas, outros namoravam'', conta. Clair lembra bem da principal atitude tomada pelos estudantes naquele dia histórico. ''Derrubamos o busto do reitor''. A estátua de Flávio Suplicy de Lacerda perdeu o nariz e uma orelha.

Rosiane Correia de Freitas
Equipe da FOLHA

Busto de reitor foi arrastado pelo Centro
Do alto de um prédio no Centro de Curitiba, um estudante, munido com um rádio comunicador, avisou os colegas na reitoria de que a reação iria começar. De todos os lados, a Companhia de Operações Especiais da PM, a infantaria e a cavalaria chegaram para pôr fim na invasão. Os estudantes se viram cercados, mas não se intimidaram. Centenas de jovens gritaram para os policiais militares: ''Você que é povo também entre nessa luta que é do povo''. A esperança era convencer os jovens armados de que o objetivo dos estudantes, manter a UFPR pública e gratuita, também interessava a eles. Ninguém levou o convite dos manifestantes a sério.

De um telefone público, o presidente da União Paranaense dos Estudantes, Stênio Salles Jacob, ligou para o governador e o alertou: ''Se houver repressão, o senhor vai entrar na história como assassino de estudantes''. ''Não lembro se foi isso que ele falou, mas o caso era que não queríamos um confronto'', diz o ex-governador Paulo Pimentel. ''Pedi que se tentasse um acordo'', lembra. O responsável pela negociação foi o secretário de Segurança, o desembargador José Munhoz de Mello.

Poucas horas depois, Pimentel recebeu do Exército a informação de que tropas federais seguiriam para a Universidade. ''Achavam que a PM estava sendo muito 'mole' com os estudantes. Foi quando pedi aos estudantes que deixassem o prédio, uma vez que o movimento já tinha conseguido que suas reivindicações fossem parcialmente atendidas'', conta.

Já Luiz Manfredini diz que os estudantes deixaram o prédio porque foram informados por Mello de que o diretor da Faculdade de Engenharia, Ralph Leither, havia concordado em não abrir a matrícula do curso noturno até que se conseguisse a gratuidade do curso.

O secretário também teria se comprometido a retirar as tropas da PM e a não prender ninguém. Os estudantes deixaram o prédio e seguiram em passeata até a praça Osório, levando arrastado o busto do reitor. ''Quando o Exército invadiu o prédio, uma hora depois, não encontrou ninguém'', conta Pimentel. Poucos dias depois, o Conselho Universitário extinguia o pagamento de anuidades na UFPR. (R.C.F.)

Uma pedra no meio do caminho
No dia 9 de maio, numa ladeira perto do Centro Politécnico, o estudante de medicina José Lopes Ferreira tomou uma atitude que iria marcá-lo para o resto da vida. Disposto a lutar contra o pagamento de anuidade na UFPR, Zequinha, como era conhecido, seguiu com outros jovens estudantes para mais uma manifestação. As armas que eles empunhavam eram típicas de garotos: estilingue, bolas de gude e pedras.

Naquele dia, o estudante se viu frente a frente com a cavalaria da Polícia Militar. Os policiais seguiam dispostos a impedir a ação dos estudantes. Numa imagem imortalizada pelo fotógrafo Édison Jansen, do jornal O Estado do Paraná, Zequinha sacou do bolso seu estilingue e atingiu em cheio o capacete de um dos policiais. Deixou o militar atordoado. Em seguida, fugiu escada acima para se refugiar em uma casa da vizinhança. Como cavalo não sobe escada, se viu livre, escondido no interior de uma residência.

Aquele ato de rebeldia contra a repressão foi parte do fim do combate aberto ao poder instituído. Dali para frente, a ditadura só iria endurecer, se tornar mais violenta. E a luta pela liberdade se tornaria clandestina. Em dezembro de 1968, a ditadura abandonava a máscara e assumiu o fim da liberdade ao instituir o Ato Institucional Número 5, que fechava o Congresso Nacional, suspendia os mandatos, autorizava a intervenção nos Estados e Municípios, o confisco de bens, tornava legal legislar por decreto-lei, impedia a realização de reuniões políticas, suspendeu o habeas corpus para presos políticos e aumentou a censura. (R.C.F.)

Revista BiodieselBR


Essa é a primeira edição sob a minha responsabilidade.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Sobre as matérias

A reportagem do post abaixo foi premiada com o 2o. lugar no Sangue Bom 2008. É uma história fofinha de um rapaz que decidiu ajudar no parto do primeiro filho. As vezes a gente topa com uma história dessa e acaba rendendo uma boa reportagem. Foi esse o caso. A sogra da minha irmã, que é enfermeira, é que me falou do caso. Fui atrás e acabou que o texto ficou muito bacana, modéstia a parte.

Já a matéria sobre os cargos da Assembléia foi mais trabalhosa. Fui para lá com a missão de cavar alguma coisa sobre o assunto, já que tinham outros veículos publicando histórias sobre os tais fantasmas da casa. Acabou que fui parar na biblioteca onde encontrei os diários que contém os termos de nomeação. Registrei tudo com minha câmera.

Mas a matéria mesmo só rendeu depois que a Karla veio me ajudar a sistematizar os dados todos, afinal foram mais de mil termos de nomeação e exoneração. Valeu a pena... conseguimos ser manchete em pleno domingo.

domingo, 17 de agosto de 2008

Pai realiza parto da filha

Lineu Filho
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Natália, Luna e César.


Aos quatro meses de gravidez, Natália Demes Bezerra Tavares Pereira, de 23 anos, e o marido, César Augusto Tavares Pereira, de 27 anos, tomaram uma decisão: ele participaria do parto. “Foi uma idéia que começou como brincadeira, mas que foi ficando séria”, disse Cesar. “Eu dizia: confio mais em você do que no médico. E no fim, foi ele mesmo que fez o parto”, completa Natália.

Luna nasceu há duas semanas, na Maternidade Curitiba. Sob a supervisão do médico Carlos Miner Navarro, César segurou o bebê nos estágios finais do parto, puxou a criança durante a última contração e a colocou sobre o colo da mãe. “Na hora, não senti medo nem nada. Parecia que eu sabia que estava fazendo”, contou César.

O pai-parteiro não recebeu nenhuma instrução anterior. “A gente conversou sobre o parto, mas não fiz nenhuma preparação para participar. Na hora, o Dr. Carlos ficou ao meu lado explicando o que eu tinha que fazer”, relatou.

Foto: arquivo da família
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Natália se prepara para os momentos finais do parto.



“Assisti a alguns partos na televisão, mas descobri que na hora, ao vivo, é menos assustador”, entregou César. “Meu maior medo era derrubar o bebê, porque tudo parece muito escorregadio. Mas era um medo infundado. E a equipe – os médicos, enfermeiros – me deram muita segurança”, continuou.

“Eu não tinha certeza se ia fazer o parto”, confessou César. Momentos antes das contrações finais, ele disse a Natália que ia desistir. “Mas daí eu disse: faça o parto. E ele fez”, riu-se Natália. Até as enfermeiras duvidavam da coragem do pai-parteiro. “Parece até que fizeram uma aposta de que eu ia desistir”, contou.

Parto humanizado

Foto: arquivo da família
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Cesar, ainda vestido de médico, com Luna e Natália logo após o parto.


A peripécia de César na maternidade é parte de um movimento que tem nome e adeptos em todo o país: chama-se parto humanizado. “O parto humanizado é um conjunto de ações que tem o objetivo de desmistificar o parto, deixar a gestante participar das decisões desse momento para que seja um processo natural, tranqüilo para a mãe”, explicou o obstetra Carlos Miner Navarro.

“Antes a gestante chegava ao hospital e era submetida a uma série de procedimentos, alguns até desnecessários, e não se explicava nada à paciente”, disse o médico. No parto humanizado, a mãe participa mais ativamente do processo do nascimento. Um fator importante para a tranqüilidade da gestante nesse momento é a presença de um acompanhante. “Se a mulher estiver acompanhada por alguém próximo, a dor, a ansiedade, o desconforto do parto é menor”, avisou.

Natália comprovou isso na prática. “A presença do César foi essencial. Ele me transmitiu confiança, tranqüilidade. Não só durante o parto, mas durante toda a gravidez”, narrou. “Acho que por ele ter sido o ‘parteiro’ permitiu que houvesse uma espécie de encerramento do processo para ele”, analisou Natália. “Porque às vezes o pai fica um pouco de lado nisso tudo. E se ele não assiste o parto, acho que perde um pouquinho”, completou.

Desafio

Foto: arquivo da família.
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César e Luna posam ao lado dos avós paternos e maternos.


Não foi fácil para o casal César e Natália realizar um parto mais natural. “O hospital, os médicos, os enfermeiros são programados para realizar um procedimento padrão. Então quando dissemos que queríamos algo mais natural, notamos um pouco de resistência”, disse Natália.

Para eles, o problema começou com a obstetra. “Nossa primeira médica era pouco dialógica”, reclamou. Descontente, o casal procurou indicações de profissionais na internet. “Visitei muitos sites sobre parto humanizado”, explicou. Acabaram encontrando o obstetra Carlos Navarro.

“Já na primeira consulta perguntamos se o César poderia participar do parto e ele disse que podia”, narrou. Carlos fez mais que isso. Mostrou a dupla fotos de outro parto no qual a própria mãe segurou a criança já nos estágios finais do nascimento, quando o bebê está com parte do corpo já para fora do corpo da mãe. “Ficamos bastante empolgados”, disse César.

Com o apoio do médico e as informações que colheram na internet, os dois ficaram mais confiantes. “Não fizemos nenhum curso, nem compramos livros nem nada. Nosso objetivo é que tudo fosse natural, instintivo. E foi isso que aconteceu”, relatou Natália.

No fim, mais do que um parto tranqüilo e seguro, o trio – Natália, César e Luna – ganhou uma experiência inesquecível. “Eu cuidei da minha mulher durante toda a gravidez. E daí ajudei a minha filha a nascer. Espero que nossa experiência inspire outros casais a fazer o mesmo. Eu recomendo”, completou.

Mais informações sobre parto humanizado:
www.amigasdoparto.org.br
www.partodoprincipio.com.br
www.partohumanizado.com.br

Graffiti artístico é solução contra pichação

ro_pichacao3.jpgCasa da professora Karen: arte contra a pichação

Para quem é atento, a casa amarela logo em frente ao viaduto da BR-277 sobre a BR-116 chama a atenção. Não pelo amarelo discreto, mas pelo muro povoado de personagens como George W. Bush, seu arquiinimigo Osama Bin Laden, paisagens de Curitiba e outros ícones. Trata-se de uma obra de arte ao ar livre.

A dona da casa, Karen Bohn, tem uma explicação simples para a paisagem inusitada: “um rapaz se ofereceu para pintar e nós deixamos”. Karen, que é professora, cansou de ver seu muro cheio de pichação e aderiu ao graffiti. “Ele nem queria cobrar, mas paguei e ainda compramos as tintas”, relata.

A arte já tem três anos e ainda não foi perturbada por nenhum pichador. O desafio, agora, é completar o trabalho. “O pintor não conseguiu mais voltar aqui. Está muito ocupado”, reclama sorrindo. A reportagem também não conseguiu localizar o autor da obra, conhecido como Batoré.

Direitos humanos

Rosiane Freitas
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Conselho Regional de Psicologia: contribuindo com a beleza do bairro

Não muito longe da casa da professora Karen, encontramos outro painel de rua. Trata-se de diversos desenhos que lembram temas sociais. A pintura está exposta na fachada do Conselho Regional de Psicologia (CRP), na rua São José, no Cristo Rei.

A obra é resultado de uma parceria da Comissão de Direitos Humanos do Conselho e a ong IDDEHA. “Cada desenho representa uma campanha nacional que temos pelos direitos humanos”, revela Célia Mazza de Souza, gerente geral do CRP.

Para Célia, o investimento em arte tem um retorno positivo. “Em quatro anos, tivemos poucos problemas com a pichação e ainda contribuímos para embelezar a rua”, comemora.

Antes de aderir à arte de rua, o CRP teve problemas com a poluição visual. “Nossa sede estava coberta de pichações. O graffiti ajudou a reduzir isso, além de conferir um aspecto mais agradável à fachada”, completa.

Da ilegalidade para a profissionalização
Divulgação IDDEHA
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Graffit: arte com inspiração social


O arte-educador Deivid Reis, de 22 anos, ensina outros jovens a técnica e a arte do graffiti. Há sete anos ele vive só do talento que desenvolveu nas ruas. “Percebi que precisava de tempo para me dedicar ao graffiti”, conta.

Na rua Reinaldino S. de Quadros, no Alto da XV, a sede da ong IDDEHA chama atenção pelo graffiti colorido na fachada. A instituição emprega Deivid como educador e ensina outros jovens a usar a arte como forma de expressão e caminho de desenvolvimento pessoal.

“Nós trabalhamos com os quatro elementos da cultura hip hop: brake, graffiti, dj e mc”, explica Samira Rodrigues, que também é educadora. O ensino do graffiti é parte do projeto Cidadania em cores, uma parceria com a Fundação de Ação Social de Curitiba (FAS).

Os jovens do projeto participam de oficinas onde aprendem a história da arte, o respeito ao patrimônio público, técnicas de desenho e pintura e também conteúdos de cidadania e direitos humanos.Alguns dos alunos são jovens que estão cumprindo medida sócio-educativa por causa da pichação.

O projeto culmina com a realização de intervenções urbanas. Muros e prédios são pintados com o consentimento da população e da prefeitura. “A arte do graffiti é uma representação daquilo que o jovem pensa e vive em sua comunidade”, diz Samira.

Aprendizado nas ruas

Divulgação IDDEHA
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Grafiteiros realizam intervenção urbana: arte que embelza a cidade

A experiência dos alunos do IDDEHA é diferente do aprendizado pelo qual passou Deivid. Foi nas ruas que ele teve o primeiro contato com a arte de pintar com spray. “Conheci o graffiti através da pichação. Depois, com o tempo, percebi que, se quisesse aprimorar minha arte, iria precisar de tempo, o que a ilegalidade da pichação não permite”, conta.

Interessado em pintar melhor, Deivid passou a pedir permissão para pintar os muros do bairro. “Foi dominando a técnica, criando um estilo”, relata. A dedicação à arte virou profissão. Deivid já produziu murais de graffiti para grandes empresas em Curitiba e hoje atua como educador, ensinando jovens a embelezar a cidade.

Para Deivid, cada trabalho tem seu preço. No entanto, uma parede de quatro por quatro metros pode custar em torno de mil a R$ 1,5 mil só de cachê para o artista. “O cliente paga pela criatividade e talento do artista”, esclarece.

Serviço:
IDDEHA
http://www.iddeha.org.br/
41 3363 3103

sábado, 16 de agosto de 2008

Assembléia contrata quase 700 cargos comissionados em 18 meses


Levantamento feito pela FOLHA na biblioteca da AL mostra que no mesmo período foram exoneradas 296 pessoas; departamento que mais contrata é a Administração

Arquivo FOLHA

Trabalho da comissão técnica da AL relativo aos funcionários comissionados estará acessível por meio da internet
Curitiba - A Assembléia Legislativa (AL) do Paraná nomeou pelo menos 689 cargos em comissão e exonerou outros 296, de janeiro de 2007 a 31 de junho de 2008. O levantamento foi feito pela FOLHA na biblioteca da Assembléia nas últimas duas semanas. O objetivo era descobrir quantas pessoas foram nomeadas para cargos em comissão na Casa. Os dados obtidos foram retirados de 91 Diários da Assembléia consultados e compilados pela reportagem. O número exato, no entanto, ainda é desconhecido, uma vez que o acesso a todos os Diários da Assembléia não foi permitido.

O levantamento mostra que o departamento da AL que mais contrata comissionados é a Administração, que nomeou pelo menos 127 pessoas no período e exonerou 21. Em segundo lugar fica a 1 Secretaria, com 116 nomeações e 23 exonerações. Já a Presidência contratou 90 pessoas e demitiu 25. A reportagem perguntou ao presidente, Nelson Justus (DEM), se a quantidade de cargos em comissão ocupados na Casa é adequado. ''Não tenho como avaliar isso. Não sou eu que controlo as contratações e exonerações.''

Entre os deputados, os gabinetes mais populosos, segundo o levantamento da FOLHA, são os dos deputados Reinhold Stephanes Júnior (PMDB - 25 nomeações), Fábio Camargo (PTB - 18 nomeações) e Péricles de Mello (PT - 15 nomeações). No entanto, é provável que nem todas as nomeações e exonerações da Casa tenham sido registradas pela reportagem uma vez que a coleção completa dos Diários publicados pela Assembléia nessas datas não está disponível para consulta. ''Tenho mais funcionários porque pago menos'', explicou Camargo. ''Não tenho 25 funcionários lotados no meu gabinete. Atualmente são entre 10 e 12 pessoas que ganham cerca de R$ 1.800,00 por mês'', informou Stephanes.

Mello não foi localizado pela FOLHA.

No último dia 16 de julho a FOLHA esteve na Assembléia para concluir a pesquisa referente às publicações de 2007, mas foi impedida de consultar os documentos na biblioteca. No entanto, na semana anterior a reportagem esteve por dois dias na biblioteca e consultou os diários livremente. A jornada até os diários começou pelos gabinetes dos deputados. As pessoas abordadas informaram que não sabiam de ninguém que arquivasse os diários. ''Acho que a biblioteca tem a coleção toda'', sugeriu um funcionário.

De fato, os Diários foram encontrados no quinto andar do prédio, espalhados sobre uma mesa e empilhados em estantes. Todos que continham atos da Mesa Executiva de nomeação e exoneração foram copiados e posteriormente compilados para uma planilha. Foram localizadas as edições de 2008 do número 1 ao número 72, com exceção de seis exemplares. Já em 2007 foram registrados 25 edições que continham atos da Mesa Executiva, mas como o trabalho não foi concluído não foi possível determinar quais edições não estavam disponíveis para consulta.

Karla Losse Mendes e Rosiane Correia de Freitas
Equipe da Folha

Pouso e banho é na central da FAS

Outro ponto de encontro dos moradores de rua de Curitiba é a central da Fundação de Ação Social (FAS), na Conselheiro Laurindo. É lá que eles podem encontrar um lugar para comer, tomar banho e dormir. Há até um guarda-volumes para quem precisa deixar protegido seus bens enquanto vaga pela cidade. Por lá, o prato da noite é sopa. Mas para entrar é preciso se cadastrar. ''Eles passam por uma pré-triagem. Os que já são cadastrados seguem direto para albergue e o refeitório'', explica Elisabete Buiar, gerente de Serviço Social. ''A maior parte já é cadastrada'', informa.

Logo na entrada, quem procura abrigo é recepcionado pela Guarda Municipal. Os homens são revistados. As mulheres, não. ''Se os atendentes suspeitarem de alguma coisa, chamam uma guarda mulher para poder revistar'', explica.

O trabalho das assistentes sociais durante a noite é dividido em dois. Há um albergue com 270 vagas, com banheiros, rouparia e refeitório. Nos dias de temperatura amena, em torno de 200 pessoas ocupam o local para comer, dormir e tomar banho. ''Quando a temperatura cai, esse número dobra'', conta. Nesses dias, as pessoas que não conseguem vaga no albergue são encaminhadas para outras instituições conveniadas.

O clima dentro do albergue é de tranquilidade. A maior parte dos albergados se entretêm com a televisão, a comida ou uma outra distração qualquer. Ficam totalmente alheios a seus companheiros. Um deles ensaia alguns passos da macarena, numa versão muda e triste da dança latina. Outra anda em busca de um desavisado que pergunte: Tudo bem? A resposta vem pronta: ''Tô bem não. Tô com dor, muita dor. Eu sou doente, né?''. Para ilustrar, mostra a sacola cheia de remédios.

A demência é comum entre os frequentadores do local. ''Na maior parte das vezes é resultado do abuso do álcool e das drogas'', explica Elisabete. A assistente social conta que não é comum encontrar albergados com crack ou outros entorpecentes. ''Quando eles querem se drogar não vêm para cá'', diz.

Tirar os dependentes químicos das ruas é o desafio da equipe de Elisabete. ''Eles têm a prerrogativa de dizer se querem ou não ser internados'', diz Claudia Machado, assistente social da FAS.

Harry rezou para sair da rua

Para sair da rua, o caminho é um dos projetos de reinserção social da cidade, como a Toca de Assis, na Visconde do Rio Branco, quase esquina com a Manoel Ribas. A casa, mantida por doações, acolhe 28 homens. ''Eles podem ficar aqui o tempo que precisar'', informa o Irmão Pedro Agnus da Virgem Aparecida. Uma vez na casa, o albergado recebe comida e uma cama quente e tem que retribuir colaborando com as tarefas da casa.

Para gente como Harry Reuter, 51 anos, o abrigo dos irmãos franciscanos é uma chance única de mudar de vida. ''Tive uma grande desilusão'', conta. Com o coração partido, Harry passou a vender tudo que tinha para comprar bebida. ''Bebi até minha oficina'', lamenta.

Artesão, Harry lembra dos tempos áureos, quando fazia ''abujures para muita loja grande em São José dos Pinhais''. Acabou o amor, começou a decadência.

Muito religioso, Harry pediu a Deus a ajuda que precisava para sair da sarjeta. ''Estava ficando no Guadalupe (terminal de ônibus) com um bando de espertalhões, mas não topo com esse tipo de coisa'', conta. Foi um dos ''amigos'' que fez no terminal que o levou até a Toca. ''Rezei e pedi que me aceitassem'', lembra. Harry foi convidado a entrar na casa na segunda tentativa. ''Desde então não coloquei mais uma gota de álcool na boca'', comemora.

A maior alegria dele nos últimos dias foi ter vendido uma capela ''para uma ricaça aí''. Harry faz capelas de madeira e arranjos de flores de arame. Parte do dinheiro ele dá aos irmãos para ajudar nas despesas da casa. Como ele, muitos dos outros moradores da Toca são alcoólatras. Pergunto ao irmão se há algum tipo de punição para quem entra bêbado na casa: ''Somos uma família, né? Então o que fazemos é perdoar''.

Noite sem brilho




Luiz Carlos dos Santos: ''Eu sou falido. Venho aqui desde que inaugurou''
Fotos: Letícia Moreira

A 'melhor janta da cidade', na Casa João Durvalino, começa a ser servida às 18 horas


Arly Brasil: ''Às vezes, é a única refeição que essas pessoas fazem é aqui''
Noite de sexta-feira na capital do Paraná. Temperatura amena, em torno dos 14 graus. Dia de sair com os amigos, dançar, beber, namorar. No entanto, nas ruas da cidade outro tipo de movimentação acontece sem chamar a atenção. São os 2.776 moradores de rua de Curitiba (segundo a Pesquisa Nacional sobre a População em Situação de Rua) que vagueam, principalmente pelos bairros do Centro, em busca de calor, comida e conforto para passar a noite.

Na Rua Desembargador Westphalen, 1.207, a ''melhor janta da cidade'' começa a ser servida às 18 horas e termina só quando o último prato for servido. ''Aqui a comida é muito boa e o atendimento é ótimo'', elogia Sidnei Claro, 23 anos. Desempregado, Claro veio de Telêmaco Borba (128 km ao norte de Ponta Grossa) há três meses. Ele mora com o primo, Servino Leal, 26, e é assíduo na Casa João Durvalino.

Para os ''clientes'', a principal vantagem do local é o acesso fácil e a farta distribuição de comida. Na última sexta-feira a Casa atendeu 134 pessoas. Para entrar, basta informar o nome. E quem come por lá pode encher o prato quantas vezes quiser. ''Às vezes, a única refeição que essas pessoas fazem é aqui'', explica Arly Brasil, um dos fundadores do espaço, que é mantido pela Fundação de Ação Social (FAS).

No menu do dia, arroz, feijão e abóbora com carne em porções generosas. Também é servida sobremesa e água mineral a vontade. Quem fica até o fim tem direito a levar uma ''quentinha'' para casa. É só levar uma embalagem. Alguns jantam e ainda levam uma porção extra para o dia seguinte. Mas não é só a comida farta que garante casa cheia todas as noites. ''Eu sou falido. Venho aqui desde que inaugurou'', conta Luiz Carlos dos Santos, 26. Ele trabalha de flanelinha e conta com a Casa para se alimentar sem causar um rombo no orçamento.

Já o vendedor Israel Sandro Pereira, 35 anos, frequenta o lugar por motivos menos econômicos. ''Meus amigos estão sempre por aqui'', diz. ''Mas tem gente que vem por necessidade'', informa.

Entre os frequentadores há todo tipo de gente. Há até alguém que se apresenta como Júlio Iglesias. E completa: ''Sou o cantor da Inglaterra''.

''Mas criança a gente só pode atender se estiver acompanhada dos pais'', explica Arly. Quando aparecem por ali, as crianças são encaminhadas para o

projeto Criança Quer Futuro, da prefeitura.

A comida acaba em torno das 21 horas. Em pouco tempo os voluntários já deixam toda a Casa em ordem para o jantar do dia seguinte. Tudo limpo, organizado. O trabalho é realizado por gente como a advogada Maria Regina Calvo, que ajuda na cozinha a cada 15 dias. A trajetória de Maria até a Casa passou pelas caminhadas diárias no Jardim Botânico. ''Meus companheiros de caminhada faziam parte desse projeto'', conta.

Falta estrutura para investigar denúncias

O Centro de Apoio às Promotorias de Proteção ao Patrimônio Público tem um corpo técnico com oito profissionais para atender todo o Estado Curitiba - Em junho, o município de Pontal do Paraná foi sacudido pela notícia de que vereadores da cidade teriam desviado cerca de R$ 400 mil num esquema de pagamento irregular de diárias. Os parlamentares recebiam verbas para comparecerem a cursos em Florianópolis, Foz do Iguaçu e Brasília, mas jamais deixaram a cidade. A fraude não é difícil de ser investigada. Bastava uma perícia na documentação da Câmara para verificar se as diárias foram, de fato, pagas e quais documentos foram apresentados pelos vereadores para comprovar o gasto.

No entanto, a situação é um pouco mais complexa. A promotora encarregada do caso é Fernanda Maria Campanha Motta Ribas, da Comarca de Matinhos. A equipe de apoio dela é composta de dois auxiliares, um dos quais é voluntário. ‘‘Não tenho como pedir a um perito que analise a documentação porque, em geral, demora cerca de dois anos para um pedido desses ser atendido’’, lamenta.

O Centro de Apoio às Promotorias de Proteção ao Patrimônio Público, órgão do MP que auxilia os promotores da área, tem um corpo técnico composto por oito profissionais. Seis atendem casos de Curitiba e região. Ficam apenas dois para auxiliar as demais comarcas do estado. ‘‘Em um caso desse tipo as provas são todas documentais’’, avalia Fernanda. A promotora conta que, quando é possível, ela mesma faz a análise dos documentos que obtém na investigação.

Para o coordenador do Centro de Apoio, Moacir Gonçalves Nogueira Neto, a tendência é que a estrutura do MP melhore. No entanto, o caminho para uma situação ideal deve ser longo. ‘‘Por lei deveria haver um promotor para cada juiz. Mas como a criação de cargos está defasada o que temos é um promotor para cada dois ou mais juízes.’’ O MP também sofre com a falta de pessoal qualificado para ajudar nas investigações. ‘‘A comparação óbvia é com a estrutura do Ministério Público Federal, que conta com o apoio da Polícia Federal em investigações mais complexas’’, avalia.

A maior parte dos casos investigados pelo MP tem origem em denúncias. ‘‘Normalmente uma pessoa que está próxima do fato acaba denunciando’’, conta. É o caso dos empresários de Londrina que denunciaram o esquema de pagamento de propina a vereadores para garantir a aprovação de projetos na Câmara. ‘‘Quando acontece um caso de grande repercussão, como esse, é comum aumentar o número de denúncias que chegam até nós’’, diz Nogueira.

No entanto, mesmo denúncias bem estruturadas e documentadas esbarram em promotores sobrecarregados. Em Matinhos, a promotora Fernanda tem sob sua responsabilidade cerca de 110 processos, dos quais 90 são ações civis públicas por ato de improbidade administrativa. Cada caso leva de cinco a sete anos para ser concluído na Justiça, segundo Nogueira. ‘‘É uma frustração para o promotor não ter os recursos necessários para garantir uma ação mais eficiente de combate a corrupção’’, lamenta.

Metade das Câmaras do PR registram irregularidades



Curitiba - Das 399 cidades do Paraná, 197 registraram irregularidades nas prestações de contas de suas Câmaras Municipais nos últimos cinco anos. O dado é de um levantamento realizado pela FOLHA junto ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) baseado na lista de presidentes e ex-presidentes de Câmaras Municipais que não podem concorrer na eleição deste ano por conta de condenações no Tribunal de Contas do Estado (TCE).

Na maior parte dos casos, as Casas Legislativas tiveram suas contas desaprovadas por conta da ausência do recolhimento de parcelas do Instituto Nacional do Seguridade Social (INSS).

Outro motivo bastante comum é a realização de pagamentos, principalmente de salários, acima do valor autorizado por lei. Em 12,69% dos casos, as câmaras apresentaram irregularidades nas conta de três ou quatro anos. É o caso da Câmara de Francisco Alves (97 km a sudoeste de Umuarama), cujas contas foram desaprovadas em 2001, 2002, 2003 e 2004.

O levantamento da FOLHA mostra que a má gestão é comum nas casas legislativas do estado. Grande parte das irregularidades apontam para casos de improbidade administrativa, em que o gestor público causa dano ao patrimônio público, enriquece de forma ilícita ou viola os princípios da Administração Pública.

Entre as situações analisadas pelo TCE e pelo Ministério Público há casos curiosos,

como o da Câmara Municipal de Araruna. O presidente da Casa no biênio 2001-2002, Osmar Estellai, foi condenado a devolver o total de R$ 2.508,00 ao município, referente a quatro irregularidades apontadas pelo TCE. Ele seria o responsável pelo pagamento de R$ 1.820,00 pelo aluguel de sistemas informatizados do tribunal. O problema é que o próprio TCE disponibiliza os programas gratuitamente para todas os órgãos públicos do estado.

O ex-presidente da Câmara também teria gasto R$ 578,00 com a compra de jogos de camisas e bolas de futebol. A despesa, segundo a justificativa de Estellai apresentada ao tribunal, tinha a finalidade de atender os vereadores uma vez que eles iam participar de um campeonato de futebol intercâmaras. Outros R$ 110,00 foram gastos com o pagamento de refeições no próprio município, o que é irregular porque despesas com alimentação só podem ser pagas caso o vereador esteja fora da cidade a serviço da Câmara. O ex-presidente também deixou de aplicar os saldos que a Casa manteve em caixa no período.

Estellai foi denunciado ao TCE pela Comissão de Administração Tributária, Financeira e Orçamentária da Câmara de Araruna em 2003. A condenação no tribunal aconteceu no último dia 19 de junho. O ex-presidente pode recorrer da decisão. Durante o julgamento os conselheiros aprovaram também o envio de cópias do processo ao Ministério Público (MP) Estadual.

Outro caso emblemático é o da Câmara de Umuarama. A instituição está sendo investigada pelo MP por desvio de recursos públicos. Um ex-funcionário da Casa é acusado de alterar a folha de pagamento para aumentar o próprio salário. O esquema pode ter causado um prejuízo de R$ 1 milhão ao erário. O MP deve apresentar denúncia à Justiça.

Em busca do dono perfeito


Divulgação


A funcionária pública Eliane Idila resgata e cuida de animais de rua desde 2003. No início do ano ela recolheu uma cadelinha de médio porte que estava prenha. Desde então investiu nos cuidados médicos com a cachorra e com os seis filhotes que nasceram no dia 30 de janeiro. Mas como mora em apartamento, Eliane colocou os seis filhotes para adoção.

Há cerca de um mês ela entregou uma das fêmeas da ninhada, Vitória, a uma família de Curitiba. ''Fui conferir se o filhote estava bem e descobri que ele tinha fugido'', conta.

A suspeita é que o cãozinho de quatro meses e meio tenha sido solto por um vizinho. ''Eles disseram que ele estava no jardim quando sumiu'', relata. A tristeza de Eliane é não saber onde está Vitória. ''Foram três meses cuidando do bichinho e agora não sei nem se ela está viva'', desabafa. E avisa: ''Se achar a cachorra, não vou mais doar''.

É para evitar situações como a dela que os protetores voluntários de animais de Curitiba têm reforçado os cuidados na hora de doar um cão. ''Gastamos muito tempo cuidando dos bichos. Não dá para largar na mão de qualquer um'', diz Maeve Winkler, outra protetora. A lista de exigências para levar um cão de rua para casa cresce de acordo com a índole do bichinho. ''O que tentamos fazer é encaixar o adotante com o cão que mais tem a ver com ele'', explica.

Por isso, muitas vezes quem vai atrás de um cão para adotar passa por uma sabatina digna de uma entrevista de emprego. ''Você tem espaço para o cão correr? Tem tempo para se dedicar ao bicho? E dinheiro para comprar ração, vacinas e medicamentos?'' Essas são algumas das perguntas mais frequentes.

Mas há também quem queira saber até o destino dos cães que o candidato a adotante já teve. ''Temos um roteiro de questões básicas, mas há protetoras que são mais cuidadosas ainda na hora de deixar alguém levar um cão, ou gato, para casa'', diz Maeve. ''Porque o cão de rua já sofreu tanto que a gente sempre tenta garantir que, uma vez adotado, ele encontre um lar que lhe dê carinho'', completa.

Para o veterinário Antônio Luiz Rossetti, proprietário da Pet Shop Estheticão e um dos organizadores da Feira do Cão Usado, as exigências têm como objetivo garantir o bem-estar do animal. ''A pessoa que se dispõe a adotar tem que saber o que é um cão de verdade, que faz sujeira, rói móveis, precisa de vacinas, ração, enfim, dá trabalho'', afirma. A Feira promovida pelo Pet Shop de Rossetti é um dos eventos recomendados para quem quer adotar um cão de rua.

Além de passar por uma pequena sabatina, o futuro dono de cão também precisa assinar um termo de compromisso. ''É um documento no qual ele se compromete a, caso não consiga se adaptar ao animal, devolver o bichinho para a protetora'', explica. ''O que não pode, de forma alguma, é soltar o cão na rua'', avisa.

Depois da feira, cada protetora fica responsável por checar as condições dos cães e gatos adotados. ''A gente liga, vai visitar. Tudo para saber se o cão está bem e está sendo bem cuidado'', diz Maeve. ''Em 10% das doações o cão acaba na rua, ou morre'', calcula.

Segundo Maeve, é comum descobrir que o adotante não foi inteiramente sincero na entrevista. ''Às vezes a gente descobre que a pessoa mora numa casa sem muros ou que mantém o cão amarrado o dia todo'', conta. ''Não tem a menor condição de manter um cão, ainda mais filhote, numa casa sem muros. O bicho fica exposto e pode fugir'', defende.

Outro erro comum de quem adota um cão é deixar de colocar a coleira no animal. ''Todos os cães da feira são entregues com coleira identificadora porque, caso ele fuja, fica muito mais fácil de localizar'', explica. A Vitória, a cachorrinha doada por Eliane, estava sem a coleira. ''Eu peço tanto e as pessoas sempre tiram'', lamenta.

A maior dificuldade, dizem os protetores, é entender o que o candidato a adoção quer do cão. ''É importante que a pessoa saiba com que objetivo ela quer ter um bicho'', avalia Rossetti. Segundo ele, são comuns os casos de pais que querem dar o animal de presente para os filhos. ''Mas quando a criança é pequena, não tem condição de cuidar'', explica.

Outro erro comum, alerta o veterinário, é adotar um filhote. ''O ideal é adotar o cão já adulto porque daí ele já passou da fase de roer as coisas e já está com a índole e o tamanho definidos'', sugere.

SERVIÇO

- Estheticão, 3024-2965
- Sociedade Protetora dos Animais, 3256-8211
- Maeve Winkler, 9686-0407
- Na internet - www.adocao.nafoto.net
- Quem tiver informações sobre a Vitória, ligar para Eliane Idila, 9903-7610.

Publicado na Folha de Londrina em 20 de junho de 2008

Festa estranha com gente esquisita

Virar uma commodity. É esse o target. Tá entendendo? Porque hoje todo mundo tem direito ao seu market share. O importante é você fazer uma brain storm e identificar no que é strong e no que é weak. Tá acompanhando o raciocínio? Tá tudo aqui, ó. É só anotar nas tarjetas e colar na parede.

Reunião de acionistas? Não, curso de gestão para organizações sociais. Mas não perca o foco. O importante é entender o business. Já tem uma ONG que distribui roupas para crianças? Que tal trabalhar com quem ainda não tem uma calça jeans? Porque as pessoas se concentram demais nessa história de fome mundial e esquecem que tem quem precise de uma roupa de brim.

Mas não pense que é simples. Trabalho social é coisa séria. Profissionalizado. Nada disso de achar que é só pegar a calça jeans e entregar para quem não tem. Tem que fazer pesquisa de mercado. Entender o seu público. Saber seus sonhos, aspirações. A idéia é saber de onde ele veio e para onde vai.

Se der, o canal é promover uma dinâmica de grupo. Coisa simples, para estimular uma visão de comunidade. Sabe como? Porque é só uma calça jeans, mas pode ser também cidadania. Entendeu a ligação? Todo mundo numa salinha, falando da vila e vendo como está tudo assim, conectado. Da favela para o mundo. E tudo começa ali, naquela roupa azul.

Tem que pensar na sustentabilidade, geração de renda. É isso aí! Vamos precisar de um empreendedor, de um captador de recursos e de alguém para fazer marketing social. Reserve uns 10% para garantir o feedback dos patrocinadores. E não esqueça de convocar voluntários, muitos voluntários. Há trabalho a ser feito. Adivinha só quem vai lavar a roupa suja?

E na hora de entregar as calças, não esqueça de ninguém. Tem que chamar o vereador do bairro, o presidente da associação, o líder da comunidade, o representante do prefeito, o padre, o pastor e o curandeiro. Todo mundo tem seu espaço. Mudar o mundo é isso aí.

No fim, só falta pensar na mística do projeto. Uma coisa que reúna as pessoas. Motivação, entende? Bote todo mundo numa salinha. É importante ter uns versinhos por perto. Para ler enquanto pede que todos dêem as mãos e formem uma roda. Tem que ter uma roda. Especialmente na hora do testemunho. ''Eu não tinha nada e vocês me deram essa calça e agora tudo parece mais fácil, mais bonito''. Eis o slogan do projeto: Mudando o mundo um jeans de cada vez.

Eu, hein? Tô fora!

Publicado na Folha de Londrina em 5 de junho de 2008

Marcada para morrer

Tenho 28 anos, sou casada e não tenho filho. E todos os dias alguém tenta me matar. Vejam bem, não estou exagerando. São os fatos. Sou uma mulher marcada para morrer. Sofro dois, três atentados por dia. Em geral acontecem de noite, quando vou buscar meu marido. Mas, também já escapei da morte em plena luz do dia. Faz quase dez anos que vivo assim, mas a situação tem se agravado nos últimos tempos.

Há pouco passei por uma situação típica. Virei numa rua de sentido único que tem apenas uma pista e lá estava meu algoz, num Volkswagen Fox preto, andando a toda na contramão. Mas, já sou escolada e escapei da ameaça pisando no freio e apertando a buzina. É sempre bom atrair a atenção de testemunhas.

Outro dia topei com um Fiat Palio Weekend entrando na contramão na rua Reinaldino S. de Quadros, Alto da XV. A Senhora Morte desistiu de mim quando me viu executar algumas manobras evasivas (desviar, frear, rezar um Pai Nosso) e disfarçou o ataque embicando o carro no portão de uma das casas daquela quadra.

Outra situação comum: venho tranquila numa grande avenida. O sinal está verde para mim. Estou com os faróis ligados, atenta aos cruzamentos. E lá está o matador profissional, cruzando o sinal vermelho a toda, vindo sedento em minha direção. Como já conheço a tática, escapo da morte reduzindo a velocidade.

Não sou paranóica. Mas, essa é a única justificativa lógica que consigo encontrar. Essas pessoas são pagas para me matar. Pensem bem, quem em sã consciência iria entrar na contramão a 60 km/h numa rua de mão única, só com uma pista e com o acostamento lotado de carros estacionados? Só alguém com um propósito muito bem definido. Me matar, por exemplo.

Eu me recuso a imaginar que alguém, como a moça da Palio Weekend, simplesmente coloque em perigo a própria vida (e a minha) só para se poupar de dar uma volta na quadra e entrar na rua na mão certa. Ou que alguém esteja com tanta pressa, mas com tanta pressa que tenha que passar por cima do meu carrinho para chegar aonde quer que seja.

Sigo essa minha vida de sobrevivente. Vivo um dia de cada vez. Criei minhas técnicas próprias para escapar da morte. Acho que até já desenvolvi um sexto sentido. Espero poder contar com ele, uma vez que não dá para contar com os agentes de trânsito.

Publicado na Folha de Londrina em 4 de junho de 2008

De volta ao aconchego

Depois de ensaiar por décadas minha volta aos blogs, eis que estou aqui novamente. Penso em usar esse espaço para publicar minhas matérias preferidas e talvez com informações sobre como tais pautas foram produzidas. Tipo um making off, entende?