sábado, 16 de agosto de 2008

Em busca do dono perfeito


Divulgação


A funcionária pública Eliane Idila resgata e cuida de animais de rua desde 2003. No início do ano ela recolheu uma cadelinha de médio porte que estava prenha. Desde então investiu nos cuidados médicos com a cachorra e com os seis filhotes que nasceram no dia 30 de janeiro. Mas como mora em apartamento, Eliane colocou os seis filhotes para adoção.

Há cerca de um mês ela entregou uma das fêmeas da ninhada, Vitória, a uma família de Curitiba. ''Fui conferir se o filhote estava bem e descobri que ele tinha fugido'', conta.

A suspeita é que o cãozinho de quatro meses e meio tenha sido solto por um vizinho. ''Eles disseram que ele estava no jardim quando sumiu'', relata. A tristeza de Eliane é não saber onde está Vitória. ''Foram três meses cuidando do bichinho e agora não sei nem se ela está viva'', desabafa. E avisa: ''Se achar a cachorra, não vou mais doar''.

É para evitar situações como a dela que os protetores voluntários de animais de Curitiba têm reforçado os cuidados na hora de doar um cão. ''Gastamos muito tempo cuidando dos bichos. Não dá para largar na mão de qualquer um'', diz Maeve Winkler, outra protetora. A lista de exigências para levar um cão de rua para casa cresce de acordo com a índole do bichinho. ''O que tentamos fazer é encaixar o adotante com o cão que mais tem a ver com ele'', explica.

Por isso, muitas vezes quem vai atrás de um cão para adotar passa por uma sabatina digna de uma entrevista de emprego. ''Você tem espaço para o cão correr? Tem tempo para se dedicar ao bicho? E dinheiro para comprar ração, vacinas e medicamentos?'' Essas são algumas das perguntas mais frequentes.

Mas há também quem queira saber até o destino dos cães que o candidato a adotante já teve. ''Temos um roteiro de questões básicas, mas há protetoras que são mais cuidadosas ainda na hora de deixar alguém levar um cão, ou gato, para casa'', diz Maeve. ''Porque o cão de rua já sofreu tanto que a gente sempre tenta garantir que, uma vez adotado, ele encontre um lar que lhe dê carinho'', completa.

Para o veterinário Antônio Luiz Rossetti, proprietário da Pet Shop Estheticão e um dos organizadores da Feira do Cão Usado, as exigências têm como objetivo garantir o bem-estar do animal. ''A pessoa que se dispõe a adotar tem que saber o que é um cão de verdade, que faz sujeira, rói móveis, precisa de vacinas, ração, enfim, dá trabalho'', afirma. A Feira promovida pelo Pet Shop de Rossetti é um dos eventos recomendados para quem quer adotar um cão de rua.

Além de passar por uma pequena sabatina, o futuro dono de cão também precisa assinar um termo de compromisso. ''É um documento no qual ele se compromete a, caso não consiga se adaptar ao animal, devolver o bichinho para a protetora'', explica. ''O que não pode, de forma alguma, é soltar o cão na rua'', avisa.

Depois da feira, cada protetora fica responsável por checar as condições dos cães e gatos adotados. ''A gente liga, vai visitar. Tudo para saber se o cão está bem e está sendo bem cuidado'', diz Maeve. ''Em 10% das doações o cão acaba na rua, ou morre'', calcula.

Segundo Maeve, é comum descobrir que o adotante não foi inteiramente sincero na entrevista. ''Às vezes a gente descobre que a pessoa mora numa casa sem muros ou que mantém o cão amarrado o dia todo'', conta. ''Não tem a menor condição de manter um cão, ainda mais filhote, numa casa sem muros. O bicho fica exposto e pode fugir'', defende.

Outro erro comum de quem adota um cão é deixar de colocar a coleira no animal. ''Todos os cães da feira são entregues com coleira identificadora porque, caso ele fuja, fica muito mais fácil de localizar'', explica. A Vitória, a cachorrinha doada por Eliane, estava sem a coleira. ''Eu peço tanto e as pessoas sempre tiram'', lamenta.

A maior dificuldade, dizem os protetores, é entender o que o candidato a adoção quer do cão. ''É importante que a pessoa saiba com que objetivo ela quer ter um bicho'', avalia Rossetti. Segundo ele, são comuns os casos de pais que querem dar o animal de presente para os filhos. ''Mas quando a criança é pequena, não tem condição de cuidar'', explica.

Outro erro comum, alerta o veterinário, é adotar um filhote. ''O ideal é adotar o cão já adulto porque daí ele já passou da fase de roer as coisas e já está com a índole e o tamanho definidos'', sugere.

SERVIÇO

- Estheticão, 3024-2965
- Sociedade Protetora dos Animais, 3256-8211
- Maeve Winkler, 9686-0407
- Na internet - www.adocao.nafoto.net
- Quem tiver informações sobre a Vitória, ligar para Eliane Idila, 9903-7610.

Publicado na Folha de Londrina em 20 de junho de 2008

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