domingo, 17 de agosto de 2008

Graffiti artístico é solução contra pichação

ro_pichacao3.jpgCasa da professora Karen: arte contra a pichação

Para quem é atento, a casa amarela logo em frente ao viaduto da BR-277 sobre a BR-116 chama a atenção. Não pelo amarelo discreto, mas pelo muro povoado de personagens como George W. Bush, seu arquiinimigo Osama Bin Laden, paisagens de Curitiba e outros ícones. Trata-se de uma obra de arte ao ar livre.

A dona da casa, Karen Bohn, tem uma explicação simples para a paisagem inusitada: “um rapaz se ofereceu para pintar e nós deixamos”. Karen, que é professora, cansou de ver seu muro cheio de pichação e aderiu ao graffiti. “Ele nem queria cobrar, mas paguei e ainda compramos as tintas”, relata.

A arte já tem três anos e ainda não foi perturbada por nenhum pichador. O desafio, agora, é completar o trabalho. “O pintor não conseguiu mais voltar aqui. Está muito ocupado”, reclama sorrindo. A reportagem também não conseguiu localizar o autor da obra, conhecido como Batoré.

Direitos humanos

Rosiane Freitas
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Conselho Regional de Psicologia: contribuindo com a beleza do bairro

Não muito longe da casa da professora Karen, encontramos outro painel de rua. Trata-se de diversos desenhos que lembram temas sociais. A pintura está exposta na fachada do Conselho Regional de Psicologia (CRP), na rua São José, no Cristo Rei.

A obra é resultado de uma parceria da Comissão de Direitos Humanos do Conselho e a ong IDDEHA. “Cada desenho representa uma campanha nacional que temos pelos direitos humanos”, revela Célia Mazza de Souza, gerente geral do CRP.

Para Célia, o investimento em arte tem um retorno positivo. “Em quatro anos, tivemos poucos problemas com a pichação e ainda contribuímos para embelezar a rua”, comemora.

Antes de aderir à arte de rua, o CRP teve problemas com a poluição visual. “Nossa sede estava coberta de pichações. O graffiti ajudou a reduzir isso, além de conferir um aspecto mais agradável à fachada”, completa.

Da ilegalidade para a profissionalização
Divulgação IDDEHA
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Graffit: arte com inspiração social


O arte-educador Deivid Reis, de 22 anos, ensina outros jovens a técnica e a arte do graffiti. Há sete anos ele vive só do talento que desenvolveu nas ruas. “Percebi que precisava de tempo para me dedicar ao graffiti”, conta.

Na rua Reinaldino S. de Quadros, no Alto da XV, a sede da ong IDDEHA chama atenção pelo graffiti colorido na fachada. A instituição emprega Deivid como educador e ensina outros jovens a usar a arte como forma de expressão e caminho de desenvolvimento pessoal.

“Nós trabalhamos com os quatro elementos da cultura hip hop: brake, graffiti, dj e mc”, explica Samira Rodrigues, que também é educadora. O ensino do graffiti é parte do projeto Cidadania em cores, uma parceria com a Fundação de Ação Social de Curitiba (FAS).

Os jovens do projeto participam de oficinas onde aprendem a história da arte, o respeito ao patrimônio público, técnicas de desenho e pintura e também conteúdos de cidadania e direitos humanos.Alguns dos alunos são jovens que estão cumprindo medida sócio-educativa por causa da pichação.

O projeto culmina com a realização de intervenções urbanas. Muros e prédios são pintados com o consentimento da população e da prefeitura. “A arte do graffiti é uma representação daquilo que o jovem pensa e vive em sua comunidade”, diz Samira.

Aprendizado nas ruas

Divulgação IDDEHA
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Grafiteiros realizam intervenção urbana: arte que embelza a cidade

A experiência dos alunos do IDDEHA é diferente do aprendizado pelo qual passou Deivid. Foi nas ruas que ele teve o primeiro contato com a arte de pintar com spray. “Conheci o graffiti através da pichação. Depois, com o tempo, percebi que, se quisesse aprimorar minha arte, iria precisar de tempo, o que a ilegalidade da pichação não permite”, conta.

Interessado em pintar melhor, Deivid passou a pedir permissão para pintar os muros do bairro. “Foi dominando a técnica, criando um estilo”, relata. A dedicação à arte virou profissão. Deivid já produziu murais de graffiti para grandes empresas em Curitiba e hoje atua como educador, ensinando jovens a embelezar a cidade.

Para Deivid, cada trabalho tem seu preço. No entanto, uma parede de quatro por quatro metros pode custar em torno de mil a R$ 1,5 mil só de cachê para o artista. “O cliente paga pela criatividade e talento do artista”, esclarece.

Serviço:
IDDEHA
http://www.iddeha.org.br/
41 3363 3103

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