sábado, 16 de agosto de 2008

Harry rezou para sair da rua

Para sair da rua, o caminho é um dos projetos de reinserção social da cidade, como a Toca de Assis, na Visconde do Rio Branco, quase esquina com a Manoel Ribas. A casa, mantida por doações, acolhe 28 homens. ''Eles podem ficar aqui o tempo que precisar'', informa o Irmão Pedro Agnus da Virgem Aparecida. Uma vez na casa, o albergado recebe comida e uma cama quente e tem que retribuir colaborando com as tarefas da casa.

Para gente como Harry Reuter, 51 anos, o abrigo dos irmãos franciscanos é uma chance única de mudar de vida. ''Tive uma grande desilusão'', conta. Com o coração partido, Harry passou a vender tudo que tinha para comprar bebida. ''Bebi até minha oficina'', lamenta.

Artesão, Harry lembra dos tempos áureos, quando fazia ''abujures para muita loja grande em São José dos Pinhais''. Acabou o amor, começou a decadência.

Muito religioso, Harry pediu a Deus a ajuda que precisava para sair da sarjeta. ''Estava ficando no Guadalupe (terminal de ônibus) com um bando de espertalhões, mas não topo com esse tipo de coisa'', conta. Foi um dos ''amigos'' que fez no terminal que o levou até a Toca. ''Rezei e pedi que me aceitassem'', lembra. Harry foi convidado a entrar na casa na segunda tentativa. ''Desde então não coloquei mais uma gota de álcool na boca'', comemora.

A maior alegria dele nos últimos dias foi ter vendido uma capela ''para uma ricaça aí''. Harry faz capelas de madeira e arranjos de flores de arame. Parte do dinheiro ele dá aos irmãos para ajudar nas despesas da casa. Como ele, muitos dos outros moradores da Toca são alcoólatras. Pergunto ao irmão se há algum tipo de punição para quem entra bêbado na casa: ''Somos uma família, né? Então o que fazemos é perdoar''.

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