sábado, 16 de agosto de 2008

Pouso e banho é na central da FAS

Outro ponto de encontro dos moradores de rua de Curitiba é a central da Fundação de Ação Social (FAS), na Conselheiro Laurindo. É lá que eles podem encontrar um lugar para comer, tomar banho e dormir. Há até um guarda-volumes para quem precisa deixar protegido seus bens enquanto vaga pela cidade. Por lá, o prato da noite é sopa. Mas para entrar é preciso se cadastrar. ''Eles passam por uma pré-triagem. Os que já são cadastrados seguem direto para albergue e o refeitório'', explica Elisabete Buiar, gerente de Serviço Social. ''A maior parte já é cadastrada'', informa.

Logo na entrada, quem procura abrigo é recepcionado pela Guarda Municipal. Os homens são revistados. As mulheres, não. ''Se os atendentes suspeitarem de alguma coisa, chamam uma guarda mulher para poder revistar'', explica.

O trabalho das assistentes sociais durante a noite é dividido em dois. Há um albergue com 270 vagas, com banheiros, rouparia e refeitório. Nos dias de temperatura amena, em torno de 200 pessoas ocupam o local para comer, dormir e tomar banho. ''Quando a temperatura cai, esse número dobra'', conta. Nesses dias, as pessoas que não conseguem vaga no albergue são encaminhadas para outras instituições conveniadas.

O clima dentro do albergue é de tranquilidade. A maior parte dos albergados se entretêm com a televisão, a comida ou uma outra distração qualquer. Ficam totalmente alheios a seus companheiros. Um deles ensaia alguns passos da macarena, numa versão muda e triste da dança latina. Outra anda em busca de um desavisado que pergunte: Tudo bem? A resposta vem pronta: ''Tô bem não. Tô com dor, muita dor. Eu sou doente, né?''. Para ilustrar, mostra a sacola cheia de remédios.

A demência é comum entre os frequentadores do local. ''Na maior parte das vezes é resultado do abuso do álcool e das drogas'', explica Elisabete. A assistente social conta que não é comum encontrar albergados com crack ou outros entorpecentes. ''Quando eles querem se drogar não vêm para cá'', diz.

Tirar os dependentes químicos das ruas é o desafio da equipe de Elisabete. ''Eles têm a prerrogativa de dizer se querem ou não ser internados'', diz Claudia Machado, assistente social da FAS.

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